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05-07-2005

Rectificar o quê ?


Editorial

A questão até poderá ser quase filosófica e levar dias a discutir nos areópagos políticos, mas, para a maioria dos portugueses, a situação é confrangedoramente simples: mudam os governos, mas continuam as trapalhadas.

Discutir se as previsões do anterior governo são embustes ou se as actuais contas do governador do Banco de Portugal são gralhas e foram congeminadas com o primeiro-ministro é coisa que não interessa à maioria da população.

A discussão e aprovação deste orçamento rectificativo tem, de facto, uma vantagem; terminar com a cosmética das receitas extraordinárias. Todos os políticos sabiam que o défice era maior do que o anunciado (a alguns dava-lhes jeito ignorarem), mas porque se vendiam uns anéis ou se alienavam mais umas propriedades, maquilhavam-se as contas para ficar bem na fotografia da União Europeia.

O Eng. Sócrates resolveu revelar o défice na sua expressão normal, e fez bem. Esse é o ponto positivo do orçamento.

Mas este orçamento, ao invés do prometido, dá mostras de não conseguir diminuir o défice sem ser à custa da saúde da economia por via do incontinente aumento dos impostos. Essa parece ser a única receita existente, mesmo que emoldurada por ataques a uns quantos pequenos monopólios deixando, no entanto, a maioria dos grandes interesses instalados de fora da austeridade anunciada.

O Governo e o Primeiro-Ministro até deram sinais que poderiam começar a mexer nalguns direitos, ditos adquiridos, como forma de baixar a despesa. Logo foi presenteado com manifestações e protestos onde era apelidado de mentiroso. Ora, esse é o ponto fulcral da questão.

As pessoas, os portugueses, rebelam-se porque pagam a crise que lhes disseram não existir, porque se prometeram metas que depois, lhes comunicaram ser impossíveis de cumprir. Essa é primeira obrigação de um político. Avaliar a situação e propor as soluções. Sócrates falhou, claramente, na avaliação e por isso ouve os protestos.

Mas será justo que o faça?

Eu penso sinceramente que é o único caminho e que não teremos alternativa. O que não é justo é a desigualdade entre a actividade privada e o sector público. O que não é justo é percebermos que havia cerca de 1500 professores a trabalharem para os sindicatos por conta do estado, que alguns benefícios de saúde dos funcionários públicos se alargam aos primos, etc, etc.

As greves servem para demonstrar que os trabalhadores não vão aceitar qualquer medida sem fundamento nem critério. Mas já têm a consciência que serão inevitáveis. Se lhes explicarem e mostrarem que não são eles os únicos a penar, aceitarão. Só por egoísmo, não acatarão essas reformas.

Em contrapartida, não vemos o mesmo rigor no ataque aos grandes interesses instalados, a mesma fobia às empresas que não pagam os impostos, a mesma eficácia na defesa dos interesses vitais de Portugal. Este é o resultado de termos políticos sem visão, sem objectivos de longo prazo, vivendo do e para os clientelismos partidários. Não vejo planeamento estratégico de longo prazo, nem a aposta estratégica nos sectores primário e secundário. Cada mais se deixamos a indústria e a agricultura e vivemos de serviços como se isso fosse possível. É nos serviços que o Estado alimenta um enorme “cambada” de especuladores financeiros que nos sugam e, é nos serviços que nos presta, que o Estado mostra toda a sua ineficácia e despesismo. Alegremente, entretanto, o país perdeu quase todas as unidades industriais de referência; Mague, Casal, Lisnave, Quimigal, Sorefame, Siderurgia Nacional, Efacec, e continua a perder com as inevitáveis deslocalizações. E, as que entretanto se instalaram, já ameaçam com a saída. Se a isto somarmos a nossa dependência do petróleo, vemos como temos sido governados; sem estratégia ou parece que a única que existiu foi a de entrarmos para a CEE onde agora estamos praticamente à mercê dos grandes da União.

António Granjeia*
*Administrador do Jornal da Bairrada


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